Crazy Ex Girlfriend: a influência da depressão no amor.

Se você já esteve apaixonado por alguém você provavelmente já fez alguma coisa levemente fora do normal. Talvez você tenha começado a beber cerveja, ou gostar de boxe ou, em um caso extremo, feito uma tatuagem (se você fez isso eu realmente espero que você não tenha se arrependido dela. Tipo, realmente espero, do fundo do meu coração). Mas você provavelmente não largou um emprego com um salário absurdamente alto e se mudou pro outro lado do país por um ex que você namorou aos 16.

Bem, Rebecca Bunch (Rachel Bloom), da série Crazy Ex-Girlfriend (criada pela própria Rachel), fez isso.

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Pra ser mais específico, foi assim que aconteceu: ela estava trabalhando num escritório em Nova Iorque, ganhando muito dinheiro, porém era infeliz. Um dia ela decide se mudar para West Covina, Califórnia. Novos amigos e nova carreira. Por um acaso o Josh mora lá, mas não é por isso que ela está lá.*

O show tem alguns pontos altos, entre eles a diversividade. Rebecca é uma personagem que lida com depressão e ansiedade e no decorrer da série é possível perceber como ela luta contra esses sentimentos (o ápice dessa luta acontece no episódio 11 da primeira temporada, That Text Was Not Meant for Josh!). Além disso, Rebecca (e Rachel) é judia e em um episódio ela até comemora o Hannukah (festa judia que se passa na mesma época que o Natal). Josh (Vincent Rodriguez III), o interesse amoroso de Rebecca, é filipino (assim como seu ator) e Heather (Vella Lovell), sua vizinha, é birracial (sua mãe é branca e seu pai é negro). E no topo do bolo, temos Darryl Whitefeather, que canta para seu escritório inteiro que é bi.

Por falar em cantar, as músicas também são um ponto de destaque no show. Elas se encaixam com os temas dos episódios, sempre mostrando um lado novo dos personagens (ou reforçando lados já vistos), além de muitas vezes serem simplesmente hilárias, como The Sexy Getting Ready Song (A Música Sexy Para se Arrumar) e Sex With a Stranger (Sexo Com Um Desconhecido).

A série tem um problema, no entanto: Valencia. Sem dar muitos spoilers, Valencia é a namorada do Josh (isso mesmo, o cara que fez a Rebecca atravessar os EUA inteiro tem uma namorada) e ela não fica exatamente feliz com a chegada da Rebecca em West Covina. Se o desenvolvimento da Bunch é incrivelmente bom, o da Valencia é pífio. Bastante. Tipo, infinitamente pífio. A série quebra alguns esteriótipos, porém Valencia acaba caindo no esteriótipo da namorada controladora e ciumenta, praticamente sem desenvolvimento nenhum, e reforça também a ideia de que “mulheres se odeiam”.

“Pera, o título da série não é um ponto negativo?” você provavelmente deve ter pensado. E bem, o título da série é talvez um dos motivos pelos quais não se fale tanto nela, mas se você perceber, a série é do ponto de vista da Rebecca. Como a própria criadora disse nessa entrevista (em inglês), a série trata sobre as vezes em que ela se sentiu louca e como o amor e a felicidade fazem você se sentir fora de controle.

Crazy Ex-Girlfriend é uma dramédia que eu comecei pelo simples fato de ter um personagem bi e que acabou me conquistando com uma personagem principal com um grande desenvolvimento e músicas que grudam na cabeça.

*Ah, e se você está se perguntando: sim, ela se mudou pelo Josh.

Paulo/ Corvo

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Finge que estuda elétrica e tem menos atenção do que palavras nessa bio. Não sabe gostar de coisas casualmente e é viciado em trilha sonora.

Um comentário sobre “Crazy Ex Girlfriend: a influência da depressão no amor.

  1. Meu boy é mega viciado nessa série, tbem começou vendo pq tinha a representatividade bi, e me fez amar a série tbem 💙 eu minha nossa, as músicas são incríveis, fiz uma performance inteira de “Girl Crush” no meu quarto depois que escutei essa música na série

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