Natal com Jane the Virgin (2ª temporada EP 08): sobre tradições, recomeços e família

Bom, sabe especial de natal de série? É disso que eu venho falar hoje. Mas não é um especial super trabalhado em cima do tema de natal o episódio inteiro; também não é um compilado de vários especiais de natal para você curtir (embora é só acompanhar os posts desse ano e do ano passado para descobrir várias recomendações bacanas). E também é um pouco emocional, mas afinal, é disso que se trata o Natal não é mesmo? Onde mora o coração (muuito brega, eu sei, me deixa).

O capítulo trinta (episódio oito da segunda temporada) de Jane The Virgin continua trabalhando em vários aspectos da trama da série – a trama policial sobre Sin Rostro e Mutter, pra causar aquele suspense e intrigas dignos de uma novela; o relacionamento de Jane com o pai do seu filho biológico; a situação de Jane na faculdade e seu progresso de escrita (sim, ela escreve!) e mais algumas tramas paralelas.

Não é um episódio perfeito e as coisas para Jane não estão nem um pouco perto de perfeitas. O episódio apesar de ter algumas cenas de destaque especial com tema natalino, segue adiante com a narrativa da história e não faz nada mirabolante para o episódio – a vida das personagens segue como qualquer outro episódio, mas o espírito vivo do natal e a união entre as mulheres Villanueva brilham como centenas de estrelas no céu.

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Então não precisa se preocupar com spoilers. É claro, se você nunca assistiu Jane The Virgin e pretende ver, ou não chegou no episódio que estou falando, vai ser meio spoiler sim. Mas não acredito que seja algo que vá estragar a experiência de assistir esse capítulo por conta própria. Aliás, quem sabe não desperta mais o seu interesse?

Enfim, as partes que eu vou falar não ocupam nem um quarto direito do episódio. Mas elas foram tão significativas e trazem tanta carga emocional e de união para as Villanueva (e não vou mentir, para mim também) que merece um post só para enaltecê-las.

Em uma parte no episódio, mais ou menos no começo, Alba (a abuela/avó de Jane) conta para Mateo (seu neto e filho de Jane) uma das várias histórias dela quando mais nova, recém casada e reconstruindo sua vida nos Estados Unidos. Era época de Natal, e Mateo (o avô de Jane e marido de Alba) tinha um presente para Alba. Ele havia feito um anjo, esculpido na madeira, para colocar na árvore de natal (na ponta, como se fosse a estrela) e fazer parte de uma das tradições deles.

Eu não sei explicar o quanto isso é signiticativo. Se fosse para falar a fundo sobre isso, eu teria que escrever um outro post inteiro (e não é a intenção agora, não acho também que se encaixe para o Pavê). Mas resumindo, ao longo da série, Alba conta momentos dela e de Mateo, imigrantes latinos, jovens e recém casados, em que Mateo tinha uma boa estabilidade financeira de família, mas largou tudo o que tinha para ficar com Alba. Ela sempre conta sobre seu falecido marido com muito amor, o quanto ele a confortava com a vinda para um lugar em que eles só tinham um ao outro, não sabiam o idioma local e não conheciam ninguém, mas que valeria a pena porque eles construiriam uma vida nova juntos e suas próprias tradições. Sendo eu mesma neta de imigrantes dos dois lados da minha família, não consigo expressar o quão importante as Villanueva e a história de Alba são para mim – imagine então, para mulheres imigrantes, filhas e netas de imigrantes latinas.

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Apesar dessa cena de flashback de Alba e Mateo do passado ser super curta, ela é muito significativa levando todo o contexto da trajetória dos dois, da família Villanueva e para milhares de famílias com imigrantes. Geralmente essas cenas não são muito extensas, mas trazem uma carga emocional muito forte, porque são muito sensíveis e tratam com muita humanidade a questão da imigração (ainda mais nos Estados Unidos).

Bom, é claro que tem mais coisa no episódio e não podia faltar algo super especial e digno de muitas lágrimas. No fim do episódio, muitas coisas da trama são resolvidas com calma e seguem com sua continuidade. Para terminar com chave de ouro e iluminar ainda mais as mulheres Villanueva com aquela mágica que só o Natal sabe trazer, algo que elas estavam muito esperando finalmente chega. Alba Villanueva foi para os Estados Unidos ilegalmente, ela não tinha documentação. Então desde o começo da série até agora, ela viveu com medo. Toda vez que acontecia um acidente envolvendo polícia e um tribunal judicial ou a possibilidade disso, Alba ficava muito nervosa. Xiomara (filha de Alba e mãe de Jane) passou grande parte de sua infância, adolescência e vida adulta sendo cautelosa pelo bem de sua mãe. Mas incidentes não deixaram de acontecer (ainda mais com a vida louca de novela da Jane) e vire e mexe havia a possibilidade de um encontro com a polícia ou um julgamento no tribunal. Foi então que depois de algum tempo, Alba decidiu que iria procurar um advogado para ajudá-la com a documentação e finalmente ter seu green card, o visto permanente de imigração, sendo oficialmente registrada como cidadã americana.

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E é então que Jane escuta um barulho fora de casa, e vai lá ver. Ela encontra um pacote deixado pelo Michael (que, longa história, mas até então ele era ex-noivo de Jane e mantinha um contato distante como amigo, fazendo esses pequenos gestos que significavam muito para Jane e sua família), onde encontrou o anjo de Mateo, que inicialmente estava perdido e também quebrado. Na mesma sala e na mesma mesa, Alba checa sua correspondência e encontra o que? EXATAMENTE. Seu green card! Aquela garantia permanente que ela não seria deportada e estaria segura, sempre perto de sua família. As lágrimas foram muitas. Tanto das Villanueva, em um super abraço cheio de amor e comoção, como as minhas também.

Por fim, com o anjo recuperado e em perfeito estado, é colocado no alto da árvore de natal e com seus braços, o green card de Alba. Não poderia ser uma imagem mais linda do que essa: o símbolo de tradição que Alba e Mateo criaram para sua nova vida como imigrantes, o anjo; e em seus braços, o símbolo da certeza da permanência de Alba no país, sem medos e angústias. Se isso não é a magia e espírito do natal em pessoa exatamente para o que as Villanueva precisavam, eu não sei o que é.

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E por fim, após o anjo e o green card serem colocados na árvore, vemos Jane, o pequeno Mateo, Alba, Xiomara e o pai de Jane, Rogelio, sorrindo comovidos, gratos e felizes para aquele pontinho no alto da árvore. E por mais que as cenas respectivas de natal não foram super longas e ocupou um pequeno espaço no decorrer do episódio, não deixou de ser super cativante, bonito e de emocionar muitos corações.

Apesar de muitas coisas serem meio loucas e surreiais nessa série, pelo exagero caricato de telenovela, Alba, Xiomara e Jane Villanueva brilham mais que nunca. Eu vejo mulheres diferentes, de três gerações, que são muito vivas e unidas apesar de suas diferenças. E isso lembra a história de milhares de famílias. Toda a sensibilidade das cenas de Alba e Mateo jovens traz um conforto muito bonito sobre esse senso de recomeço e fazer suas novas tradições em um lugar desconhecido, onde não há nada, onde você é o “intruso” e não há senso de pertencimento. Apesar de não ser nem um pouco o centro da trama e essas cenas aparecerem ocasionalmente, não duvido que elas sejam importantes não só para mim, mas para milhares de pessoas. Elas trazem consigo o senso de união entre essas mulheres tão maravilhosas e também a carga emocional e humana da imigração. Recomeço. Perspectiva de uma vida melhor. Sacrifícios. E novas tradições. Natal traz consigo esperança, união e tradições também né? É por isso que todos os pequenos detalhes natalinos fizeram o episódio ter o espiríto de natal tão vivo e tão presente e esses momentos fizeram o episódio ser tão bonito e cativante, é claro, ao estilo Villanueva.

L.

 

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